O HIV continua sendo um dos maiores problemas para a saúde pública mundial. Estima-se que no final de 2019 havia no mundo 38 milhões de pessoas com o HIV. Devido a deficiências nos serviços de saúde, em 2019 morreram 690.000 pessoas por causas relacionadas com o HIV e 1,7 milhão de pessoas se infectaram.
Durante o Primeiro Fórum Latino-americano e do Caribe realizado em 2014, os países participantes definiram a meta 90-90-90 para contribuir com o fim da epidemia de aids, estabelecendo que:
Até 2020, 90% de todas as pessoas vivendo com o HIV saberão que têm o vírus.
Até 2020, 90% de todas as pessoas com infecção pelo HIV diagnosticadas receberão terapia antirretroviral ininterruptamente.
Até 2020, 90% de todas as pessoas recebendo terapia antirretroviral terão supressão viral.
Em setembro de 2015, os 193 estados membros da ONU aprovaram na Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Agenda 2030, que é um plano de ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade. Foram definidos 17 objetivos, apoiados no tripé do desenvolvimento sustentável, que considera as dimensões social, ambiental e econômica de forma integrada e indivisível ao longo de todos os seus 169 objetivos.
Pôr fim à epidemia de aids é a meta 3.3 do ODS 3 - Saúde e Bem-estar. Para isso, é necessário o esforço de governos, instituições e de todas as pessoas para realizar ações individuais e coletivas com compromisso e solidariedade.
As metas acima mencionadas norteiam a definição e priorização das ações que devem ser realizadas para superar o desafio de acabar com a epidemia de aids. A seguir algumas das ações prioritárias:
1- Ampliar o Diagnóstico e Tratamento de Pessoas Infectadas com o HIV.
É muito importante que os serviços de saúde melhorem a informação da população sobre a importância do diagnóstico e do tratamento, especialmente dos grupos mais vulneráveis e das populações-chave. A OMS define populações-chave como aquelas pessoas em certos grupos populacionais que correm o maior risco de se infectar com o HIV em todos os países e regiões. Os grupos das populações-chave são: homens que fazem sexo com homens; pessoas que se injetam drogas; pessoas detidas em prisões e outros ambientes fechados; profissionais do sexo e seus clientes; e pessoas transgênero. É importante realizar o teste de HIV como medida preventiva. Se o teste for negativo, as pessoas devem ser orientadas a usar preservativo em todas as relações sexuais para prevenir a infecção pelo HIV e outras ISTs. Se o teste de HIV for positivo, elas devem ser encaminhadas para iniciar e aderir ao tratamento para que atinjam uma carga viral indetectável. Dessa forma, elas poderão viver a vida com mais qualidade.
2 - Promover a Estratégia de Prevenção Combinada da Infecção pelo HIV.
A UNAIDS define a prevenção combinada da infecção pelo HIV como o conjunto de programas comunitários baseados nos direitos e nas evidências que promovem uma combinação de intervenções biomédicas, comportamentais e estruturais projetadas com o propósito de atender às necessidades de prevenção do HIV por pessoas e comunidades específicas. Seu objetivo é diminuir o número de novas infecções por meio de atividades sustentáveis e de maior impacto.
https://www.paho.org/es/temas/prevencion-combinada-infeccion-por-vih
3 - Foco na População de Adolescentes e Jovens.
A infecção por HIV aumentou na população jovem e, embora o número de mortes relacionadas à aids tenha diminuído em todo o mundo, aumentaram as mortes entre adolescentes (10-19 anos de idade) vivendo com o HIV. Uma estratégia recomendada para melhorar a informação de adolescentes e jovens é a formação de adolescentes para atuarem como educadores/as de pares.
4 - Reduzir o Estigma e a Discriminação.
Esse é um aspecto que deve ser priorizado, em primeiro lugar pelo respeito aos direitos humanos. Contudo, também é importante saber que as pessoas e, principalmente os/as jovens, não procuram os serviços de saúde para fazer o teste de HIV ou receber tratamento por medo do estigma e da discriminação. Uma ação recomendada é formar grupos de apoio com as pessoas e famílias que vivem com HIV, a fim de fortalecer a adesão ao tratamento e melhorar sua qualidade de vida. O grupo de apoio também permite discutir os aspectos da discriminação e a abordagem dos direitos humanos.
5 - Aprimoramento das Políticas Públicas que Priorizam a Educação Integral em Sexualidade.
Há evidências científicas de que a educação integral em sexualidade dentro e fora da escola, realizada com uma abordagem de gênero e direitos, reduz a infecção pelo HIV em jovens. É imprescindível fortalecer políticas e programas para jovens que contemplem ações de educação integral em sexualidade e possibilitem aos/às jovens espaços de discussão sobre questões de sexualidade, valores, projetos de vida e demais informações, que lhes permitam tomar decisões e adotar comportamentos de autocuidado e prevenção. É fundamental uma abordagem intersetorial que possibilite ações integradas entre estabelecimentos de ensino, de saúde e organizações sociais.
https://www.who.int/es/news-room/fact-sheets/detail/hiv-aids